Aqueles Dias
Acordo e já estou atrasado para a faculdade, rapidamente tomo aquele banho gelado, e bota gelado nisso, me visto e saiu de casa sem ao menos saborear a refeição matutino. Ando até o ponto de ónibus aonde o motorista, já impacientemente, me esperava com aquela cara de quem tomou todas no dia anterior e ainda não se curou totalmente da ressaca.
Até a FAFIDAM são vinte e cinco minutos de viagem em uma lata velha caindo aos pedaços tendo que disputar espaço não só com as pessoas mas também com alguns animais menos dignos de apreciação. E assim vamos todos juntos, humanos e pragas rastejantes, mais apertado que pinto dentro de ovo, para mais dia de nossas miseráveis vidas.
Apesar de tudo, a força de vontade supera qualquer dificuldade e chego, bastante atrasado, na sala de aula determinado à dar tudo de mim, no bom sentido. Mas tenho que admitir que não é fácil aguentar mais de quatro horas numa aula de química como aquela, principalmente quando a professora não ajuda. Aí, no final, até parece que eu saí com mais duvidas do quê quando entrei.
Por fim, para variar chego atrasado no ponto e perco a lata velha. Acho que nem as baratas sentiram a minha falta no coletivo. Então tenho que caminhar quase três quilómetros debaixo daquele sol de onze e meia em pleno calor do interior cearense.
Você já teve um daqueles dias em que era melhor nem ter se levantado da cama, nem ao menos para ir ao banheiro, cobrir-se novamente e ficar ali, paradinho até o fim do dia? Pois é, se você ainda não teve é melhor começar a pensar sobre isso.